Construir um aeroporto do tamanho do Galeão a 2400 metros de altitude pode parecer um grande desafio, e é realmente um grande desafio de engenharia Porém no projeto do Aeroporto Internacional Mariscal Sucre. A engenharia que rendeu prêmio para este projeto foi a financeira, não a civil.
Tudo começou em 2004, com uma provocação da Andrade Gutierrez, uma construtora brasileira que desenvolveu a ideia de construir um aeroporto novo para substituir o antigo, que tinha uma localização perigosa no centro da capital.
O governo aceitou a provocação, mas fez uma importante ressalva: ”Como conseguir recursos”
Foi aí que começou o desafio, do qual eu tenho muito orgulho de ter participado desde a concepção até a implantação, passando pela formação de parcerias e desenvolvimento de estruturas financeiras de financiamento.
A primeira parceira foi a AECON, uma construtora canadense que já operava em Quito e reconheceu valor na oportunidade de trabalhar em conjunto com a Andrade Gutierrez. Em seguida, buscamos uma operadora de aeroportos nos Estados Unidos – a operação de um aeroporto é extremamente complexa e precisávamos de um suporte experiente nesta área. A Houston Airport System se juntou a nós e ajudou a abrir as portas de estruturas de investimento nos Estados Unidos. Trouxemos a ADC empresa canadense , com a experiência de operação comercial nos aeroportos de Toronto e Sófia que desenvolveria toda a operação comercial do aeroporto.
Para levantar os US$ 400 milhões necessários para financiar a obra, o total dos investimentos foram de US$ 598 MM, resolvemos montar um Project Finance com quatro financiadores: os americanos OPIC (Overrseas Private Investment Corporation) e US EXIM Bank (, o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento e canadense EDC (Export DEvelopment Corporation)
Project Finance é uma estrutura normalmente usada para grandes investimentos de infraestruturas, que são pagos com o fluxo de caixa gerado pela própria operação. Até aquele momento, nunca um Project Finance tinha sido desenvolvido em um país Triple C como o Equador. Esse foi um dos motivos que o levaram a ser reconhecido na época como “Deal of the year” pela revista Project Finance.
Para conseguirmos aprovar o Project Finance, precisávamos mostrar que seríamos capazes de garantir que os pagamentos aos agentes financeiros aconteceriam de forma segura e automática. Conseguimos fazer isso montando uma estrutura em que parte das receitas tarifárias das cias aéreas internacionais servissem diretamente a dívida desses agentes. Dando assim, segurança aos financiadores que os recursos desembolsados seriam servidos pelo fluxo de caixa do projeto.
O maior aprendizado desse projeto para mim foi que nada pode ser considerado impossível só porque ainda não foi feito.